fulana gostava de sentir-se
livre
sem gilete na bolsa
sem cabelo escovado
sem rímel sem meias
sem cruzadas de pernas
sem sorrisos forçados
não, não trocara de sexo
nem de sexualidade
não entendia conceitos
nem entendia costumes
era ossos sem ritos
era corpo sem órgãos
sem unhas postiças
sem braços roliços
sem coxas macias
sem cintura e vagina
falsamente apertadas
fulana vivia
lusco-fusco piscando
sambava escondida
sambava atrevida
em muitos momentos
sentia-se outras
fulanas cem modos
sem motor na barriga
nem cheirava nem fedia
fulana
brincava de avesso
era ela
era ele
figura de livro, pois não
era bicho
era mato
e somente assim
sem maquiagem
contra si mesma
tornou-se mito
Gostoso ser fulana algumas vezes, é preciso para que possamos nos encontrar.
ResponderExcluir"sem braços roliços
ResponderExcluirsem coxas macias
sem cintura e vagina
falsamente apertadas"
Essa parte é a de maior folego contemporâneo do texto, muito bom... uma Fulanidade sem dúvida!
Como diria o Invencional TOM Zé ... é de uma Fulanância... que Combate toda a dominação masculina... que vem desde os mais remotos tempos... sendo guardada e defendida pela igreja católica...com seus pricípios judaico-cristão-ocidentais.
Essa poesia é de uma libertação linda, é a própria mulher se fazendo pública... publicada por si, e não a nada mais Incrivelcional do que se permitir des-próibir-SI!
Disculpa... mas não tenho mais palavras... isso é uma coisa que me emociona...
kkkk... Massa, Se eu disse isso da tua poesia imagine o TOM Zé!
Fulanâncias à parte, agradeço (e gozo) os comentários.
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