27.2.11

Velhice

o velho sentado 
rumina memórias 
num mastigado infinito 
sua boca conversa 
com ouvidos de outrora

o que conversa esse velho?
a que gente ele fala?

ritornelo incessante
suas palavras não ditas
retornam sempre 
e sem pressa 
a um espaço infinito 
a um tempo inconstante

ilhado em si mesmo 
a solidão o consome
Filoctetes com fome de ouvintes
segue saboreando 
indistintamente 
pouco a pouco 
passo a passo 
o doce e o amargo 
das lembranças criadas 
das memórias perdidas




* 2º lugar, na categoria poema, do Concurso Flor de Cactos (UFRN - 2010)

2 comentários:

  1. Vixxi ... vou almoçar ... volto já pra comentar o resto..

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  2. Essa poesia... me faz pesar o e tempo... vereficar a diferença que há na ausências de certas pessoas nele...Meu avô... sua cadeira...
    de balanço...
    o Seu cachimbo...
    o Balanço...
    O rio
    seu olhar por ele...
    Um mapa de memórias...
    cada onda com suas estórias
    os rios tem ondas de vento
    ondas de tempo...
    e Vó
    que dos olhinhos emprestava...
    o brilho as ondas
    reflexo do sol, dizendo...
    é mintira desse caduco...
    num tá vendo que ele num ia pudê fazê uma coisa dessa...
    ria ... eu,besta ... minha irmã, mais besta ainda
    e o vei meu avô, que de besta num tinha nada
    De meu avô... a memória...
    sempre foi uma namorada
    falando-lhe...mesmo calada,
    de seu cachimbo..
    em cada baforada...
    um tudo, um nada...
    Um, numa vida passada...
    a passada
    Meu avó... de herança
    deixou-me...
    Sua memória inventada!

    Poxa... eu... vi vir o texto depois que reli essa seu poema. Boas provocações, você faz quando escreve... nos rendeu até outra poesia kkk

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